quarta-feira, 5 de novembro de 2008

No Diálogo de "informação e contra-informação", José Cleves relata que a história dele é um exemplo dantesco


Por Pólio Marcos

Figura emblemática
, o Jornalista José Cleves, acusado de ter assassinado a própria mulher há oito anos, não esconde a indignação por ter sido denunciado injustamente, segundo ele, pela própria polícia. Com variantes ora de um discurso sobre a ética de jornalista pouco fastidiosa e outra contundente a socos encolerizados acerca do caso que abalou sua vida, José Cleves mostrou-se também afeto as questões midiáticas atuais, na palestra realizada na Faculdade Estácio de Sá na “Semana da Comunicação”.


“Fui ridicularizado, minha vida foi vasculhada e tive que provar que não fiz nada”, declarou o Jornalista. Com um processo de 1.600 páginas, Cleves relatou que em três julgamentos, o último no Superior Tribunal de Justiça, que também o absolveu com 25 votos pela acusação de assassinato, estava trabalhando no Jornal Estado de Minas na época. “Provei que a polícia, imprensa e o Ministério Público estavam errados”, diz.


José Cleves é autor de várias matérias consagradas pelo Prêmio Esso de Jornalismo de denúncias de corrupção no DETRAN/MG, na "banda podre da polícia", o comércio ilegal de armas e as máfias dos caça-níqueis. Não só o prêmio lhe rendeu. As denúncias, segundo ele, deram um saldo de duas CPI´s no Congresso Nacional e três em Minas Gerais. “Incomodei muita gente, encontraram neste episódio uma forma de se vingarem”, declara Cleves que assegura que o complô do assassinato de sua mulher fora uma vingança.


Dentre os bancos vazios do auditório da Estácio de Sá, José Cleves colocou em cheque uma veracidade importante: a imprensa brasileira ainda coleciona traços de uma herança malévola da época da ditadura militar. As fontes “oficiais”. Para Cleves, os jornalistas não estão acostumados a questionar laudos técnicos. Em seu caso, por exemplo, várias provas desapareceram sem deixar nenhum vestígio.


Trabalhando atualmente no Jornal Nova Lima Times, a maior dúvida em seu caso seja o silêncio dos colegas jornalistas que foi escancarado, como a da “Escola Base”. O Jornalista apóia-se que o circo armado da polícia foi veemente. Apoiado pela família, Cleves afirma que sofreu e chorou muito. No íntimo, queria brigar e resolver tudo na “marra”. No entanto, não quis falar do relacionamento com a esposa assassinada, argumentando ser uma ferida ainda não cicatrizada.
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