segunda-feira, 7 de abril de 2008

banda Nechivile - não vou tirar você do coração

Arguto e observador, Domingos Meirelles afirma que imprensa enfrenta crise e que jornais são escritos para os donos, não para o leitor.



Cabelos brancos, voz suave, retórico e com uma inteligência brilhante, Domingos Meirelles, apresentador do programa "Linha Direta" da rede Globo, ama a história brasileira. Em seu livro "1930: os órfãos da Revolução", o jornalista mostra detalhes de bastidores do final da política do café com leite com muita maestria e simplicidade.

1930 foi o segundo livro, seguido por “As noites das grandes fogueiras” sobre a Coluna Prestes, lançado pelo autor para, segundo ele, satisfazer uma inquietação intelectual. A historiografia oficial do país escondia, mostrava e manipulava os fatos como ela queria, indaga Meirelles.

1930 é fruto de cruzamento de leituras com visões multifacetadas e é baseado no ano em que o presidente Washington Luís fora deposto. Ele esmiuça com detalhes a vida da aristocracia rural do Rio de Janeiro. “Meu interesse pela história é fazer com que as pessoas façam reflexões de qualquer natureza. Penso que não ler é pior do que a Dengue. A informação não pode ser um privilégio das elites”.
Profissão
- Domingos Meirelles começou no Jornalismo por pura paixão. Primeiro, consertava máquinas de escrever para o jornal "Última Hora", no Rio de Janeiro, o único que realmente era resistente à ditadura vivida pelo país na época. A redação era formada por advogados.

Ainda aí Meirelles não era envolvido em política. Entrou quando soube que um médico de sua mãe fora maltratado por um grupo paramilitar. "Pra mim foi absurdo ver alguém inocente ser maltratado daquela forma. Dali em diante me alistei no jornal Última hora quando ingressei no curso de Jornalismo".

Segundo ele, no primeiro dia era avaliado pelo “coletivo” do jornal. Os focas tinham um cuidado especial pelos mais velhos na redação, pois eram tutores. Seu mestre foi Maurício Azedo, secretário gráfico. “Quando cheguei na redação fiquei abismado pela inteligência dos jornalistas. Pensava que nunca seria tão inteligente quanto eles”, diz.

Globo
- No entanto, com um ano e sete meses de Última hora, Meirelles segue para o grupo Abril, fazendo matérias para as revistas Cláudia, Quatro Rodas e Realidade. “Fiz uma matéria para a Quatro Rodas no Paraguai investigando carros roubados no Brasil e constatei 48 veículos. 20 anos depois pelo Globo repórter são 150 mil”.

Já em 1985 foi chamado por Armando Nogueira diretor de Jornalismo da TV Globo para trabalhar no Jornal Nacional. Segundo ele, Armando o escolheu porque tinha uma aparência mais velha. Daí em diante seguiu para o “Fantástico”.