terça-feira, 11 de março de 2008

Para Marcos Antônio TV comunitária é espaço para reinvindicar direitos

"Fiz dez provas de vestibular para direito, não passei em nenhuma", declara Marcos Antônio da Silva, 43, hoje estudante do sétimo período de Jornalismo em entrevista. Casado, pai de dois filhos, evangélico, servidor público, bem humorado e um olhar brilhante quando se fala em TV comunitária, ele afirma que seu sonho é fazer uma "TV de Rua".
Marcos Antônio teve uma infância muito difícil. "Eu era muito pobre, mas consegui entrar no serviço público", diz. O estudante declara que a monografia que quer mostrar está enraizada na TV Digital comunitária. Hoje Marcos Antônio faz um trabalho voluntário em uma fundação que tem o objetivo de disseminar as ações da comunidade. "Quero polemizar o assunto de TV comunitária. Os moradores tem que ter um espaço para reinvindicar seus direitos. A TV brasileira hoje é totalmente comercial e elitizada".
De acordo com o estudante, as empresas de TV à cabo tem por lei que disponibilizar, pelo menos seis canais para uso comunitário. Ele revela que para se ter uso deste benefício, os grandes monopólios alegam que os produtores devem ter todo o aparato de produção, roteiro e edição de imagens para veicular. A ANATEL, segundo Marco Antônio, alega também que as pessoas não estão preparadas para empreender sua própria programação. Disse que concordava mas indagou sobre a TV digital. A reguladora afirmou que as programações deverão ser mais convidativas e variadas e com certeza abrirá mais espaço para redes com programações segmentadas e locais.
Marco Antônio afirma que a Fundação Auxiliar de Combate à fome, a qual pertence, já tem alguns equipamentos: uma câmera, e computador para edição. A sede da fundação, claro, está no seu quintal. "Nossa idéia é captar as imagens que as pessoas fazem no bairro onde moram, com a ajuda de patrocínio. Depois, fazemos a edição do material, enviamos uma van com um telão de pelo 75 polegadas junto á praça do bairro, e passamos a imagem para as pessoas, sem maquiagem, respeitando a linguagem local, coisa que não acontece na Globo.", afirma.
Com um tom mais áspero e rosto fechado, Marcos Antônio declara que a TV no Brasil não é democratizada e não há espaço para as comunidades reinvindicarem seus direitos. diz ainda que não gosta quando alguns empresários das TV´s abertas falam das redes que têm como se fossem suas. "Não sei porque falam, 'minha TV'. A concessão é dada pelo governo, você pode ter o melhor equipamento do mundo, no entanto sem a concessão você não tem nada".